quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Bruta flor

Como uma flor que brota no cerrado seco, ela sorri.
Como a beleza bruta desse sertão, ela surgiu.
Menina morena, mulher Yanomani ,beleza ímpar.
O sorriso que ilumina na querência da liberdade.
O esconderijo perfeito, janelas da alma, olhar que busca abraçar!
Olhos misteriosos, que sepultam os segredos mais íntimos e os desejos mais profundos.
Filha da terra, raiz desse povo, gente dessa gente.
Da luta, não foge. E nos espinhos, aprende o que se é viver!
Um verso não te bastaria, nem todos os versos te bastariam.
É musa da minha canção, daquela que só nós dois sabemos.
A dança que não há de parar, o samba que não irá parar de chorar!
"Eu você, nós dois. Um passado, uma canção."
Bruta flor!


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Amáveis moças da pele de basalto

O dilaceramento acompanhado da dor.
A separação que dói. Sentida na pele. Por causa da pele.
Qual leite é mais branco? Qual sangue é menos vermelho?
Amáveis moças da pele de basalto, porque choram?
Pela luta? Pela dor? Pela vida?
Onde é que estão, vós, brancos das mãos manchadas de sangue negro?
Mostrem a vossa cara.
Amáveis moças da pela de basalto, não se desesperem.
A dor passa. A vida amanhece. A manhã sorri.
A mãe que vos pariu chora de saudade. A mãe do homem novo.
Mãe África, que chora pelas amáveis moças da pele de basalto.
Qual sorriso é mais puro? O do preto? O do branco?
Porque não sorriem, amáveis moças da pele de basalto? Sorri dói?
Qual peito que mata a fome do miúdo é o sorriso que mata a desigualdade.
Que foi feito da tua cabeleira crespa? Digam-me, amáveis moças da pele de basalto.
Roubaram de ti o teu orgulho? A tua beleza?
Não permitam, amáveis moças da pele de basalto. Não deixem que te levem nada!
Qual é a tua dor? Diz-me.
Menina bonita, dos olhos de jabuticaba, não chore.
Tu és negra, tu és linda!
Sorriam, amáveis moças da pele de basalto.
Vós sois negras, livres, lindas, negras!
Minha pele é branca, mas nasceu de ti, amável mãe da pele de basalto!


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mi cuerpo, mi casa.

Eu sou livre.

Torno a dizer, que é pra o mundo ouvir:

Eu sou livre, sou meu!

E não importa o que se passa à minha volta...
Meu corpo é minha casa.

Meu templo.

Sagrado e profano, meu.

Meu forte.

Minha alma banhada de amor não se transveste de corpo por simples desejo,
mas pra dizer que eu sou exatamente o que eu quiser ser!


Meninas-canções

Minhas canções aos poucos desnaturam-se em versos!
Tornam em sentido! Saltam aos meus olhos.
Vêm e vão num balanço místico, que eu só vejo ao cerrar os olhos!
São como bailarinas (que de pernas longas) voam ao infinito.
Essas canções que bailam em mim e persistem em serem minhas,
vêm, tornam a sumir, depois voltam e em mim tornam-se meninas.
Meninas, sim meninas. Sapecas, teimosas, meninas.
Depois elas sussurram nos meus ouvidos pequenos segredos...
Aqueles que fazem a gente se roer de curiosidade!
As meninas-canções, como cá são chamadas, são pequenas luzinhas!
Luzinhas que trazem em si o anúncio de uma lindeza que só cabe a mim.
E a quem eu deixar!

domingo, 12 de janeiro de 2014

Poema do amor livre

Se te olho,
tenho vontade de vida.
Se te lembro,
quero abraço.
Se te ouço,
quero canção.
Se te tenho,
quero mais.
Se te amo,
escondo-me.
Se me amas,
mostre-me.
Eu serei teu e
tu serás meu.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Filho do Brasil

Hoje tive uma experiência transcendental! Ouvindo "Carro de Bio" de Milton Nascimento, fiquei extasiado com o sentimento que me invadiu! Um amor, uma paz, uma dor, um orgulho de ser mineiro, de ser filho do cerrado,  do sol que queima e que dá vida nessa terra! Escrevi essas linhas entendendo que o único jeito de expressar o meu amor pela minha terra é dar a ela a minha alma, a minha parte mais bonita!

Filho do Brasil - João Neto

É que a viola sertaneja chora pela minha companhia...
É que a sanfona cansada chama pelos meus olhos...
É que a lágrima nordestina me lembra quem eu sou...
É que na minha gramática, o verbo caetenear completa o sorrir!
É que na dor do sertanejo eu me sinto humano, e no riso
da mulher que leva esse país no braço eu encontro a paz!
É que na ausência do dinheiro o abraço e a mão amiga reparte
o pão, a água, o sorriso e o amor.
É que na presença do medo o afago da terra conforta!
É que na saudade da terra, o coração chama.
Chama pelas montanhas de minas, pelo canto mineiro,
pela fé do meu povo, pelo brilho dos seus olhos e pela
sinceridade do seu olhar.
Não dá pra entender, ou simplesmente querer entender.
Tem que viver, sentir, experimentar.
Tem que pisar na terra descalço.
Tem que comer com a mão, sorrir com o coração e falar com os olhos.
Aqui não tem lugar pra dor nem pra tristeza, embora essas duas
danadas andem tentando nos cercar!
Tem que olhar o fogo nos olhos, encarar a sequidão tortuosa
da caatinga! Tem que sentir o sertão, a vereda, o cerrado entrar
dentro da alma!
Aqui é assim, se não for pra ser assim, cuidado!
E é por tudo isso que eu sou Brasil!


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Salve a majestade, o samba!

Hoje é dia do rei do Brasil, hoje é dia do samba ♥
Dia do verso cantado, da mulata encantada, da lágrima transformada em riso.
Hoje é dia do morro, do barracão de zinco e da alegria da força negra.
Hoje é dia do azul resplandescente, do verde e rosa, e do vermelho do amor.
Do sorriso branco, da pele negra banhada de talento, da voz que emerge do povo.
Hoje é dia de liberdade, eterna quarta-feira...
Hoje é dia de culto, reza, riso, lágrima, sonho, esperança.
Hoje é dia de se vestir de Chico, de Jamelão e Manacea...
De se pintar de estrelas e de Cartola, e andar com o malandro Monarco...
É dia de pedir a benção para Nelson, Adoniran, Noel, Luiz Carlos...
É dia de beijar a mãe de Ivone, Clara e Jovelina, a Pérola Negra...
É dia de olhar pra o céu, contar as estrelas e entrar na avenida do sonho vestido de bamba!!
Salve, salve, salve o samba!


Veja uma parte dessa corte no vídeo...

Velha gurda da Mangueira e Jamelão